Arco-íris e suas variações, aplicações e reproduções... uma paixão de sempre que foi reavivada pelo filme Outono em Nova York.
Em meio ao encontro improvável de uma jovem e sonhadora designer de chapéus que está com os dias contados com um empresário cinquentão amargurado e com a outra metade vida pela frente, um móbile de contas coloridas competiu com o enredo delicado pela minha atenção.
Esse artefato me incentivou na criação de fios solitários, conduziu-me à prática da interiorização e cada fio me fez companhia nos primeiros passos empreendidos numa jornada para o auto conhecimento.
Fiei diligente e disciplinadamente 200 cordões. Escolhi contas, contas me escolheram. Meditei e fui medicada no processo.
Compus uma cortina, um arco-íris de vidro, cristais e resina que marcou a minha entrada no meu outono particular. Esta hoje jaz desmontada, mas muito bem e carinhosamente guardada no meu armário e no meu coração, aguardando uma instalação mais digna.
Guardada da vista, ela aguarda.
Enquanto isso, sigo fiando e tramando ao longo do passeio nessa jornada.
Um arco-íris tem suas variações e encanto, é efêmero e sempre surpreende. O outono amedronta, representa uma maturidade avançada e anuncia uma estação de privações e limitações. A narrativa, que talvez tenha despretensiosamente reunido estes dois coadjuvantes, apontou uma direção possível resultante dessa soma vetorial, mais um caminho para a reconciliação comigo mesma. E eu o abracei.
No arco-íris de vidro amei a cortina de ambiente de vidência e cartomancia, poesia magistral!
Que texto delicioso! Eu traduzo pelo poder dos dedos da fiandeira, que nos conecta à alma. Parabéns! =)