bidimensional e às vezes em preto e branco, mas assim mesmo curioso e com uma diversidade fabulosa a ponto de agradar a gregos e troianos.
Assim é o mundo dos quadrinhos, cuja história está sendo contada em grande estilo pelo MIS - Museu da Imagem e do Som de São Paulo.
A megaexposição Quadrinhos traz uma retrospectiva da 9ª Arte que é apresentada ao público por meio de revistas, artes originais e itens raros das HQs. Seus diversos estilos e vertentes estão representados, como super-heróis, temas infantis e de terror, aventura, romance, mangá e faroeste, por exemplo, em ambientes imersivos e cuidadosamente elaborados para cada vertente. A retrospectiva ocupa toda a área do MIS e apresenta, também, a influência das HQs na cultura pop e em outras mídias como cinema, rádio e TV.
É emocionante ver de perto desenhos originais e publicações muito antigas, além de publicações não mais editadas e personagens que só estão vivos na nossa memória e coração. Entre os queridinhos da exposição estão um desenho com os personagens de A Turma do Pererê feito a mão feito pelo próprio Ziraldo e um caderno de esboços com as artes originais para a edição número 1 da revista Geraldão, do Glauco. O ambiente concebido para o Ziraldo é high tech e comovente, se é que isso é possível... mas no mundo dos quadrinhos tudo é possível, né? Alegria em rever The Super Mãe, também do Ziraldo, habitante da última página da revista Claudia que a minha mãe assinou por toda a minha infância e juventude, e que é a responsável pela minha mania incorrigível de ler as revistas de trás pra frente.
O Geraldão e a Rê Bordosa do Angeli me fizeram viajar no tempo, até o CAASO (Centro Acadêmico Armando de Salles Oliveira) na década de 80. A gente também vê as fases da Turma da Mônica refletidas nas influências estéticas que a turma sofreu com o passar das décadas.
A instalação X-rated para maiores de 18 anos foi feita num dos banheiros do museu, abrigando de forma confortável e bem humorada a arte erótica autoral cujas inúmeras representações clandestinas e anônimas todos nós já vimos algum dia nos banheiros dos inúmeros bares da vida...
Só uma coisa eu não achei... os meus quadrinhos preferidos ever!!! Lili, a Garota Modelo, personagem humorística voltada para garotas que apareceu pela primeira vez numa revista dela mesma, “Millie the Model”, em 1945, junto com sua arqui-rival a ruiva Zizi. Esta acabou ganhando uma publicação própria - Zizi, a Garota Impertinente - que era um pouco menos frequente, mas não menos adorável. Segundo informação que eu encontrei na internet, este foi um dos principais títulos da Marvel Comics no pós-Guerra (http://www.guiadosquadrinhos.com/personagem/lili-a-garota-modelo-(millie-collins)/9849).
Para se ter uma ideia, em 1950 as revistas mais importantes da editora não eram de nenhum super-herói, mas de “Millie” e “Patsy Walker”. No Brasil, a personagem ficou conhecida como “Lili”. O curioso é que ela também fez um grande sucesso entre nós. Quando o material americano ficou escasso, o desenhista brasileiro Gedeone Malagola foi convocado pela editora La Selva para continuar com novas histórias, o que fez durante anos e com maior vendagem ainda. Assim como aconteceu com “Zé Carioca” quando passou a ser desenhado aqui, “Lili” passou a ter um espírito mais tupiniquim, agradando ainda mais os leitores e ganhando uma abundância de circunflexos ;)
Pois é... pelo visto não era só eu, apesar de serem poucas as pessoas que me dizem ter conhecido e curtido a dupla Lili e Zizi. Pena que não vi nem Lili nem Zizi no MIS. Afinal, nem o mundo dos quadrinhos é perfeito! Bora Garagem Comics Campinas garimpar ;)
Belo texto Claudia.
Tem informação, humor e é leve ao se ler.
Muito bem, além do mais é uma escritora de crônicas.